sexta-feira, 25 de outubro de 2013

SONHO DO TELEXFREE E BBOM ACABA EM PREJUÍZO PARA O CONSUMIDOR

Rentabilidade muito acima da média do mercado, risco baixo e retorno no curto prazo. Várias pessoas se sentem atraídas por uma fórmula como esta, especialmente no atual contexto econômico brasileiro, onde as aplicações de renda fixa e a poupança oferecem um ganho de aproximadamente 0,5% ao mês, além do fato da Bolsa de Valores acumular tombos consecutivos. Consultores financeiros ouvidos pelo Jornal O GLOBO afirmam que essa pode ser uma das razões para o ressurgimento dos esquemas conhecidos como pirâmide financeira, um tipo de golpe que desde o século passado atrai gente de todas as classes sociais no Brasil e no exterior com promessa de ganho elevado e fácil. Especialistas dizem que os golpistas se reinventaram na era eletrônica, quando a internet, via redes sociais ou e-mails, multiplicou o poder de arregimentar vítimas.

Segundo o consultor financeiro Miguel Ribeiro de Oliveira, esse tipo de armadilha atrai muita gente que está em dificuldade financeira ou muito endividada. Há também os que procuram uma alternativa mais rentável de investimento e acabam no golpe. O atual cenário econômico, com renda fixa dando um ganho real muito pequeno, com a queda da taxa de juros, e a Bolsa com perda de mais de 20% no ano, favorece a aplicação desse golpe. A volta da inflação, atualmente rondando o patamar de 6,5% ao ano, também é um ingrediente a mais. Na prática, inflação mais elevada significa renda corroída e menor poder de compra. Qualquer opção de aplicação que ofereça ganho real acima da inflação é interessante. No caso das pirâmides, o ganho geralmente é muito superior à medida do mercado. Mas se transforma em prejuízo, em pouco tempo. As principais vítimas são aquelas que vão entrando no esquema por último, antes que desmorone.

A nova onda de pirâmides foi identificada em reunião da Associação Nacional do Ministério Público do Consumidor (ANMPC). Foi então que os ministérios públicos estaduais e federal formaram uma força-tarefa que já bloqueou bens e suspendeu as atividades de TelexFree e BBom, além de investigar outras 16 empresas.

Conforme argumenta o promotor Murilo Miranda, presidente da ANMPC, a questão das pirâmides é cíclica e ocorre sempre por razões diferentes. Há mais de 60 anos temos casos no país. Com a internet e as redes sociais, não há mais limitações para essas empresas, e a rede de divulgadores se dissemina com uma abrangência maior.

E os consumidores devem estar sempre atentos, porque os novos casos não param de surgir, desde setembro, nos estados do RS e RJ, a Procuradoria da República investiga novas denúncias, havendo, inclusive, decisões judiciais recentes contra novas entidades que praticam a pirâmide financeira nos mais diversos ramos, sendo um dos últimos o pagamento 30 prestações de R$ 50 a R$ 120, levando os consumidores a acreditar que, ao fim desse período, receberiam uma carta de crédito mil vezes maior do que a parcela.

A população deve ficar vigilante ao que caracteriza as pirâmides financeiras, de venda de serviços ou de produtos. A origem do lucro são os próprios participantes. Se o ganho vem do dinheiro aplicado pelos que entram no negócio, então trata-se de um esquema clássico.
 
Fonte: Jornal O Globo

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